
Desabrochou em um jardim uma pequenina rosa. Este jardim ficava na propriedade de uma família um tanto melancólica, que sobrevivia da venda das flores de seu jardim. A família era rodeada de problemas: a mãe era doente e o filho tinha que cuidar dela, pois o pai se perdia em ilusões sobre um tesouro de sua família, possivelmente enterrado na propriedade, e as duas inocentes irmãzinhas caçulas de nada tinham noção.
A Rosa, que crescia rapidamente na propriedade, presenciava várias discussões: pai e filho tentando resolver a situação financeira muito complicada em que se encontravam. O pobre filho sonhava em ser jornalista, mas tinha que cuidar de sua mãe ao invés de ir para uma faculdade. Enquanto isso, o pai alimentava as esperanças no tesouro perdido. E a mulher de nada sabia, só ficava na cama a pobre mulher.
Naquele inverno, que muito rigoroso se tornava, a família perdia muitas de suas rosas, e chegou um dia em que até a Rosa caiu. O pai, cada vez mais desesperado para encontrar o tesouro e melhorar a situação, saiu em sua busca, mas acabou se perdendo pela noite fria na propriedade. O filho, preocupado, foi em busca do pai, começando pelo bosque ao lado de suas terras. Gritou e gritou, mas nada do pai. Subiu a serra, que não era longe da casa, mas nada encontrou. Olhou até no galinheiro, mas nada do louco do velho. Em sua última e mais desesperada opção, olhou no jardim, onde o pai nunca realmente procurara, e o encontrou desmaiado no chão. Levou-o correndo para dentro da casa, e lá cuidou dele até que melhorasse. Ao tomar de novo a consciência o pai dançou, pulou e cantou. Algo bem estranho para um senhor como ele. O filho, que nada entendia, tentou acalmá-lo, mas o velho o puxou para mais perto e dançou com ele. O coitado do filho, ainda confuso, perguntou a razão de tanta emoção, já pensava que o pai havia enlouquecido. E ao ouvir da boca do pai que ele entraria para a faculdade sem ter de se preocupar com a doente mãe, também desatou a dançar. Quem diria que bem debaixo da esquecida Rosa o pai encontraria suas ilusões?